domingo, 25 de janeiro de 2009

Lammas: Momento de agradecimento!!!

“Lammas é o tempo de dar gratidão pelo que você começou a receber e sacrificar o que você puder para receber mais”.

Lammas ou Lughnasadh, celebrado em 02 de Fevereiro aqui no Hemisfério Sul, marca o fim do verão e o início da época da colheita. Honramos o Deus Céltico do Sol: Lugh (o maior guerreiro dentre os celtas, pois derrotou os gigantes que exigiam sacrifícios humanos). Deus das colheitas, do Fogo, da luz e do Sol. Ele foi o Rei dos Tuatha de Danan e consorte de Dana, a primeira Grande Mãe da Irlanda. Dana, como a rainha de Lugh e a Deusa Mãe, é também honrada nesse Sabbat.
As noites já começaram a ficar mais longas, desde o Solstício de Verão; aproximando-se a época da partida do Deus para a Terra do Verão, deixando a sua própria semente no ventre da Deusa, de onde renascerá (mantendo o eterno ciclo do nascer-morrer-renascer).

Como na vida tudo o que se planta colhe, está é uma época de agradecimento aos Deuses por tudo o que colhemos. Agradece-se ao que foi bom e também ao que pareceu ruim, pois tudo o que acontece na vida faz parte no caminho evolutivo de cada um. E é tempo de ensinar o que você aprendeu com os frutos colhidos nessa primeira colheita

Podemos honrar a Deusa como a Senhora da abundância e o Deus como o Sol que declina, já que ele se sacrificará para doar sua energia às sementes da segunda colheita, para que a vida seja sustentada.

A Morte sacrificial e o renascimento de Lugh, assim como a colheita dos grãos, estão sempre conectados a Lammas, simbolizando que sempre o Deus morrerá para renascer novamente através da benevolência da Deusa.

Outros aspectos desse Sabbat contêm a representação do crescimento do nascimento, da honra e do agradecimento à Deusa, pelo seu ventre que cultivou as sementes, e a Lugh, em seu aspecto de Deus Sol, pelas bênçãos e fertilização do ventre da Deusa com seu calor e luz.

Era tradição também, até meados de 1500, casais firmarem um casamento de um ano e 1 dia em Lammas. Terminado esse período, decidiam se iam continuar casados ou não. Esses casamentos eram celebrados por Poetas ou Bardos.

O sentido da visão da luz que está trazendo a frutificação das sementes da Primavera é o mistério de Lammas. Mas esse Sabbat também é um momento de espera, quando as sementes são colhidas na esperança doe novas vidas que virão.

Neste sabat tenho muito à celebrar e agradecer... as sementes plantadas já estão sendo colhidas! Graças a Deusa ( e o Deus também) os caminhos que estou trilhando estão a me levar para "um lugar bom"... Porém tenho também que refletir muito sobre isso, sobre esses caminhos e as novas sementes a serem plantadas. É um momento mágico e de extrema importância não só para mim, mas para todos os que seguem os caminhos da Deusa!!!


"NOS FRUTOS QUE AGORA COLHEMOS
ENCONTRAMOS AS SEMENTES QUE NOS ALIMENTAM AMANHÃ"

BLESSED BE!!!

Florbela Espanca - Poesia a flôr da pele!

Florbela Espanca, nasceu em Dezembro de 1894 em Vila Viçosa. Foi percusora do movimento feminista e a primeira mulher a frequentar o curso de Letras na Universidade de Lisboa em seu país, Portugal.
Em suas poesias descrevia sua inquietude e sofrimentos de uma vida tumultuada, aliados com doses de erotismo e feminilidade.
Florbela era filha de uma empregada e seu pai só reconheceu sua paternidade após seu falecimento. Casou- se 3 vezes e enfrentou forte preconceito devido as separações. Em 1919 publicou o Livro de Mágoas, ano em que sofrera de um aborto involuntário e começou a apresentar os primeiros sinais sérios de neurose. Seu primeiro casamento se desfez pouco tempo depois.
Casa-se pela segunda vez em 1921 e publica o Livro de Soror Saudade em 1923. Teve mais um aborto e separa-se pela segunda vez. Devido a esse fato, sua família afasta-se de Florbela, deixando-a muita abalada.Em 1925 casa-se pela terceira vez.
Em 1927 um fato marcou definitivamente Florbela: seu irmão querido falece em um trágico acidente. Escreve As Máscaras do Destino em sua homenagem. Com a perda do irmão, sua doença se agrava muito.
Em 1930, tenta o suicídio e sua neurose se agrava e descobre que também sofre de um edema pulmonar.
Em 2 de Dezembro de 1930, Florbela encerra seu Diário do Último Ano com a seguinte frase: "... e não haver gestos novos nem palavras novas." No dia do seu aniversário, em 08 de Dezembro Florbela D'Alma da Conceição Espanca suicida-se, ingerindo dois frascos de Veronal.

Os poemas de Florbela nos remete ao universo do amor, da arte de ser mulher, dos dissabores da solidão e das desilusões amorosas. Seus versos transbordam desejo, paixão, lirismo, erotismo e liberdade.
Aprecio seus poemas, pois seus versos traduzem muito do que eu sinto, do que eu penso, neles eu vejo as dores da minha alma concretizadas... É como se estivesse lendo sobre mim mesma!


Alma Perdida
(Livro de Mágoas)

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente…
Talvez sejas a alma, a alma doente
D’alguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste… e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh’alma
Que chorasse perdida em tua voz!…


Desejos Vãos
(Livro de Mágoas)

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!

Mas o Mar também chora de tristeza…
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras… essas… pisa-as toda a gente!…


O Meu Soneto
(A Mensageira das Violetas)

Em atitudes e em ritmos fleugmáticos,
Erguendo as mãos em gestos recolhidos,
Todos brocados fúlgidos, hieráticos,
Em ti andam bailando os meus sentidos…

E os meus olhos serenos, enigmáticos
Meninos que na estrada andam perdidos,
Dolorosos, tristíssimos, extáticos,
São letras de poemas nunca lidos…

As magnólias abertas dos meus dedos
São mistérios, são filtros, são enredos
Que pecados d´amor trazem de rastros…

E a minha boca, a rútila manhã,
Na Via Láctea, lírica, pagã,
A rir desfolha as pétalas dos astros!…


Anseios
(Trocando Olhares)

Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!…
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!

Não ´stendas tuas asas para o longe…
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!…


Visões da Febre
(Trocando Olhares)

Doente. Sinto-me com febre e com delírio
Enche-se o quarto de fantasmas
Uma visão desenha-se ante mim
Debruça-se de leve…

É uma mulher de sonho e suavidade
E disse-me baixinho:
“Eu me chamo Saudade,
E venho para levar-te o coração doente!

Não sofrerás mais; serás fria como o gelo;
Neste mundo de infâmia o que é que importa sê-lo
Nunca tu chorarás por tudo mais que vejas!”

E abriu-me o meu seio; tirou-me o coração
Despedaçado já sem uma palpitação,
Beijou-me e disse “Adeus!” E eu: “Bendita sejas!…”



Fontes:

http://www.prahoje.com.br/florbela/index.php

http://www.astormentas.com/biografia.aspx?t=autor&id=Florbela+Espanca

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Lágrima Terra


Esse é o título do livro de poesias dos meus queridos amigos André e Daniel. O lançamento aconteceu ontem no Sarau da Cooperifa. Claro que vindo deles já sabia que o trabalho seria belo porém, ao começar minha leitura percebi que tinha em mãos algo belissímo, emocionante.
Para os dois, desejo tudo de muito bom e espero que este seja o primeiro de muitos livros à serem publicados.
Com certeza essas lágrimas irão me acalentar! (Referente a dedicatória que o Dani escreveu no meu livro).

PS. Adorei a capa, o papel (reciclado) enfim, todo o acabento do livro!!!

Lágrima Terra
André Luiz Pereira e Daniel Fagundes

"Lágrima na terra
evapora e ganha osares
umidece a brisa
purifica o vento
enche nuvem
vira tempestade
Lágrima da terra que chora
corta a pele torrada pela seca
Lágrima que pinga do céu
pinta um sorriso no mesmo rosto ressecado
Lágrimas de tristezas e alegrias
na folha em branco
Marca d'água em poesia
Lágrima Terra
Gota de orvalho pingando do mato
Encharcando
Virando lago
Criando riacho
Regando a semente dos sonhos
Enverdecendo arbustos
Enriquecendo o tronco
Fazendo lama
Traçando do solo
uma veia pulsante no ventre da terra
Lágrima no asfalto
Fluindo no meio-fio
Matando a sede do nosso ser
tão castigado
Lágrima, lava a terra que empoeira a alma
vem ungir, abençoar o chão
Lágrima sentimento, razão de terra
O açúcar e o fel
O inferno e o paraíso
A dor que tempera quando é preciso
O amor pra todo dia
Lágrima que empoça e cria
o caminho argiloso dos contatos futuros
Deixa Gaya esculpir na pisada
deste barro, ninguém erguerá novos muros."


Lágrima Terra
Daniel Fagundes e André Luiz Pereira

Edições Toró Janeiro de 2009
Site Edições Toró:
http://www.edicoestoro.net/

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Machu Picchu em 2010 aí vou eu!!!


Bem, tá certo! 2010 está muito longe, mas uma viagem como esta tem que ser programada com muita antecedência.
Digo isso porque, essa é a viagem dos meus sonhos! Desde lá dos tempos da escola nas aulas de história, fiquei fascinada pela estória dos Incas ( um povo super desenvolvido, inteligentes, conhecedores de Astrologia, etc) e mais fascinada ainda quando eu assisti um vídeo-documentário sobre a "Cidade Perdida dos Incas" ( e umas das 7 maravilhas do mundo) Machu Picchu.E além do mais, é necessário juntar grana, doláres pra ser mais específica ( em torno de U$800)e estudar MUITO BEM o roteiro de viagem.
Pra mim, essa viagem significa, além de um sonho de criança, uma realização espiritual, algo sempre me atraiu pra Machu Picchu...não sei explicar,é algo mágico. E sem deixar de mencionar o espírito de aventura que grita da minha alma: Pretendo viajar por vias terrestres mesmo,pelo famoso roteiro de mochileiro rumo ao Peru: Corumbá-MT/ Trem da Morte-Qujarro- Sta. Cruz Bolívia (o famoso Trem da Morte)... ainda não tenho o roteiro, preciso pesquisar muuuuito!!!

Enfim...pra quem nunca ouviu falar em Machu Picchu (não acredito nisso...) segue alguns dados e links sobre essa CIDADE MÁGICA!


"Machu Picchu é o sítio arqueológico mais conhecido da América do Sul. Fica a aproximadamente 150 km de Cuzco no Peru. È a cidade mágica dos Incas,no meio das Montanhas dos Andes. Descoberta em 1911, suas origens, propósito e construção te sido um mistério insolúvel. Durante anos acreditou-se que esta cidade nas montanhas do Peru, foi cenário da última batalha na guerra entre Incas e espanhóis.
As ruínas ficam em uma montanha a 2.560 metros de altura acima do nível do mar. Recebe a visita de aproximadamente 500 mil turistas por ano.
O acesso se dá por trem desde Cuzco até Águas Calientes (na base do morro onde está Machu Picchu). Micro ônibus levam os visitantes de Águas Calientes até Machu Picchu.

Viagem virtual por Machu Picchu: http://blogs.elcomercio.com.pe/infografia/

domingo, 11 de janeiro de 2009

Heaven and Hell no Brasil - E a novela continua...


UHUHUHUHUHUH!!! Foi a minha expressão quando vi esse artigo no site Central Rock:

Heaven and Hell confirma cinco shows no Brasil
Anderson Rangel 07/01/2009 01:30:00


Ex-integrantes do Black Sabbath chegam em maio à América do Sul

O Heaven and Hell, banda formada pelos integrantes do Black Sabbath na era do vocalista Ronnie James Dio, confirmou cinco shows no Brasil em maio.

A turnê brasileira começa em 10 de maio, em Belo Horizonte (Chevrolet Hall), segue para Brasília, no dia 13 (Ginásio Nilson Nelson), desembarca em São Paulo para dois shows no Credicard Hall (15 e 16) e chega ao fim no Rio de Janeiro (17, no Citibank Hall). Os preços dos ingressos ainda não foram divulgados.



Já tinha ouvido boatos sobre a vinda do Heaven and Hell aqui no Brasil desde o ano passado. Na verdade era pra ter tido um show deles aqui no ano passado... E só com os boatos eu fiquei em estado de extase!!! Já que, ver ao vivo o magnífico Dio, Tony Iommy e Geezer Butler é um sonho antigo pois essa foi a melhor formação do Black Sabbath, na minha opinião!!! Só de ouvir o álbum Heaven and Hell já dá arrepios!!!



Daí, no dia 08/01, foi jogado em balde de água congelante em todos os fãs do Black Sabbath/Dio:


Wiplash:

Heaven & Hell: datas da América do Sul "somem" de site

Infelizmente os fãs do Black Sabbath<http://whiplash.net/bandas/blacksabbath.html> da América do Sul tem motivos para se preocupar. As datas das apresentações do HEAVEN AND HELL (banda formada por Tony Iommi, Dio, Geezer Butler e Vinny Appice) na América do Sul, que desde ontem já constavam no site oficial de Ronnie James Dio simplesmente desapareceram, restando apenas as datas européias.

Maio 05 - Bogota, Colombia, Coliseo el Campin
Maio 07 - Buenos Aires, Argentina, Luna Park
Maio 08 - Santiago, Chile, Velodromo
Maio 10 – Belo Horizonte, Brazil, Chevrolet Hall
Maio 13 - Brasilia, Brazil, Ginadsio Nilson Nelson
Maio 15 - Sao Paulo, Brazil, Credicard Hall
Maio 16 - Sao Paulo, Brazil, Credicard Hall
Maio 17 - Rio de Janeiro, Brazil, Citibank Hall Rio

No final de 2007 alguns sites na América do Sul também anunciaram shows do HEAVEN AND HELL neste continente, que acabaram não sendo realizados.



Merda, merda, merda...será que essa novela vai ter um final triste novamente??? Porque, como sempre, o Brasil é prejudicado com essa história de shows cancelados!
Bom, enquanto isso, contento-me com o (maravilhoso) LIVE EVIL... Mas espero (e muito) ouvir (e sentir) ao vivo Neon Knights, Heaven and Hell e muuuuuuitos outros clássicos do Sabbath na voz do Dio ( o vocalista mais fooooda!!!). Ah,e quando eles tocarem a música Die Young,acho que vou até chorar de emoção!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Frases de Clarice Lispector

Deixo nesse post algumas frases magníficas de Clarice Lispector. Frases que traduzem muito do que eu sou e sinto...

"O que obviamente não presta sempre me interessou muito."

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar."

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca."

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."

domingo, 4 de janeiro de 2009

O Teatro Mágico: "Sintaxe à Vontade"!


"Sem horas e sem dores! Respeitável público pagão! Bem vindo ao Teatro Mágico! "Sintaxe à vontade”.(Entrada para Raros)


O TM é definitivamente encantador... É "tudo numa coisa só"- música, poesia, teatro e Circo! Fernando Anitelli, o idealizador do TM define isso como um "Sarau Amplificado".
Eu tive conhecimento da existência do TM pela internet e fui prestigiá-los ao vivo pela primeira vez na Mostra Cultural do Sarau da Cooperifa, no Céu Casablanca, em Novembro passado. A trupe não estava completa, mas mesmo assim o espetáculo foi maravilhoso. É realmente mágico! ( O meu adesivo do TM está devidamente fixado no meu caderno de poesias \0/)
Anitelli diz que o show deles nada mais é do que a desculpa para que tantas pessoas raras se encontrem em um mesmo local!
O TM nos mostra através de suas músicas a simplicidade para se viver com alegria e magia e o resgate de nosso respeito próprio. Exemplos em alguns trechos das músicas:
Camarada D´água: "Viva a tua maneira não perca a estribeira saiba o teu valor, e amanheça brilhando mais forte ..."
Zaluzejo: "Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz."
Sonho de uma Flauta: " Sonho parece verdade, quando a gente esquece de acordar. E o dia parece metade quando a gente acorda e esquece de levantar. Ah! E o mundo é perfeito!?!? (...) Descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais."
A Fé Solúvel: " A razão é como uma equação de matemática...tira a prática de sermos...um pouco mais de nós!"
Pena: "Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior"
Ah... e a música Xanéu nº5, uma critica à televisão tem a participação do Maravilhoso Zeca Baleiro!!!




"O Teatro Mágico torna possível que cada um se mostre como é, que cada verdade interna seja revelada. Essa é a grande brincadeira, "ser o que se é afinal todos somos raros e temos que ter consciência disso". E assim, Anitelli vai traçando um paralelo entre o real e o imaginário enquanto o público, aos poucos, vai entrando na mesma freqüência sinestésica marcada pelo ritmo do espetáculo. No final, palco e platéia se fundem e cada um dos presentes vai descobrindo a delícia de se permitir ser um pouco mais de si mesmo. "


A trupe que acompanha Anitelli foi formada em Dezembro de 2003 e já conseguiram alcançar números que "grandes bandas" que tem o apóio da mídia e das gravadoras não conseguiram. Digo isso com muita alegria, já que o TM é um projeto independente, não tem apoio das grandes gravadoras e da mídia; E a cada dia que passa são mais e mais respeitados.
Só espero que o TM não caia nas graças da mídia e perca o brilho, que a poesia não seja "metamorfoseada em cifrão", que a "música rara não entre em liquidação" e que o "talento não seja provado em papel moeda"...pois A POESIA PREVALECE (sempre prevalecerá!!!) [Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior!]

No site da trupe tem disponível um link pra baixar os 2 álbuns e quem não quiser baixar, pode comprar por um precinho bem camarada de R$5,00... Mas é permitido por Anitelli: copiar, "piratear" e distribuir o trabalho do Teatro Mágico!!!

Simplesmente "Sintaxe à Vontade" com essa trupe rara e mágica!

"A poesia prevalece!!!
O primeiro senso é a fuga.
Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai
O parto ocorre. Parto-me.
Aborto certas convicções.
Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia não passar,
“O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...”
Pra pontuar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!
Todo voto que devo parir
Não dever ao devir
Não deixar escoar a dor!
Nunca deixar de ouvir...

com outros olhos!"

(Amadurecência)

Site com Entrada só para Raros: www.oteatromagico.mus.br

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Escrava que não é Izaura- Mário de Andrade

Esse texto maravilhoso de Mário de Andrade, foi publicado na revista Estética em 1925 e alguns trechos foram apresentado na Semana da Arte Moderna em 1922. É o primeiro tratado de poética moderna escrito aqui no Brasil. Esse ensaio tem por subtítulo: "Discurso sobre algumas tendências da poesia modernista" e é iniciado com uma fábula sobre a poesia: "Gosto de falar por parábolas como Cristo". O primeiro homem depois da criação de Eva, plagia Deus tirando da língua uma mulher (poesia). Essa mulher nua ficou no cimo de um monte. Adão, envergonhou-se da nudez e colocou-lhe uma parra. Depois passou Caim e cobriu-a com um "velocino alvíssimo" .Depois as gerações continuaram a subterrá-la de vestes e adereços. Daí um dia, passou um vagabundo, (meu querido) Rimbaud e chutou esse monte, fazendo-o desmoronar, mostrando todo o esplendor da Poesia nua... E é essa mulher "escandalosamente nua" que os poetas modernos começaram a adorar. 

(E falando em Rimbaud, Mário de Andrade disse o mais importante parêntese da poesia brasileira: "Parêntese- não imitamos Rimbaud. Nós desenvolvemos Rimbaud. Estudamos a lição Rimbaud".)


A Escrava que não é Isaura

Começo por uma história. Quase parábola. Gosto de falar por parábolas como Cristo... Uma diferença essencial que desejo estabelecer desde o princípio: Cristo dizia: 'Sou a verdade'. E tinha razão. Digo sempre: 'Sou a minha verdade'. E tenho razão. A verdade de Cristo é imutável e divina. A minha é humana, estética e transitória. Por isso mesmo jamais procurei ou procurarei fazer proselitismo. É mentira dizer-se que existe em S. Paulo um igrejó literário em que pontifico. O que existe é um grupo de amigos, independentes, cada qual com suas idéias próprias e ciosos de suas tendências naturais. Livre a cada um de seguir a estrada que escolher. Muitas vezes os caminhos coincidem... Isso não quer dizer que haja discípulos pois cada um de nós é o deus de sua própria religião. Vamos á história!
...e Adão viu Iavé tirar-lhe da costela um ser que os homens se obstinam em proclamar a coisa mais perfeita da criação: Eva. Invejoso o macaco o primeiro homem resolveu criar também. E como não soubesse ainda cirurgia para uma operação tão interna quanto extraordinária tirou da língua um outro ser. Era também - primeiro plágio! - uma mulher. Humana, cósmica e bela. E para exemplo das gerações futuras, Adão colocou essa mulher nua e eterna no cume do Ararat. Depois do pecado porém indo visitar sua criatura notou-lhe a maravilhosa nudez. Envergonhou-se. Colocou-lhe uma primeira coberta: a folha de parra.
Caim, porquê lhe sobrassem rebanhos com o testamento forçado de Abel, cobriu a mulher com um velocino alvíssimo. Segunda e mais completa indumentária.
E cada nova geração e as raças novas sem tirar as vestes já existentes sobre a escrava do Ararat sobre ela depunham os novos refinamentos do trajar. Os gregos enfim deram-lhe o coturno. Os romanos o peplo. Qual lhe dava um colar, qual uma axorca. Os indianos, pérolas; os persas, rosas, os chins, ventarolas.
E os séculos depois dos séculos...
Um vagabundo genial nascido a 20 de Outubro de 1854 passou uma vez junto do monte. E admirou-se de, em vez do Ararat de terra, encontrar um Gaurisancar de sedas, setins, chapéus, jóias, botinas, máscaras, espartilhos... que sei lá! Mas o vagabundo quis ver o monte e deu um chute de 20 anos naquela eterogénea rouparia. Tudo desapareceu por encanto. E o menino descobriu a mulher nua, angustiada, ignara, falando por sons musicais, desconhecendo as novas línguas, selvagem, áspera, livre, ingênua, sincera.
A escrava de Ararat chamava-se Poesia.
O vagabundo genial era Artur Rimbaud.
 
(E essa mulher escandalosamente nua é o que os poetas modernistas se puseram a adorar... Pois não ha de causar estranheza tanta pele exposta ao vento á sociedade educadíssima, vestida e policiada da época atual?)”



quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Poesias de Jim Morrison

Jim Morrison... Ouvindo esse nome automaticamente lembramos do The Doors. De uns tempos pra cá, ao ouvir o nome Jim Morrison me vem em mente suas poesias e depois, claro, as músicas magníficas dos Doors. Jim Morrison era vocalista do The Doors, mas como poeta assinava seu nome de batismo: James Douglas Morrison.
Muitos acham que Jim era apenas um vocalista drogado, mulherengo, bêbado e totalmente locão; O filme de Oliver Stone (que era seu colega na Universidade) ajudou muito a difundir essa imagem, diga-se de passagem. Só que a maioria das pessoas não conhecem suas maravilhosas poesias. Jim era culto, sensível, sempre vivia com um livro, recitava poesias durante os shows dos Doors, era cineastra, ensaista, escritor... Um Xamã da década de 60! Ele estava á frente do seu tempo e ficava frustado por não reconhecerem seu trabalho.
Suas influências vão de Rimbaud, Honoré de Balzac e Nietzche (suas teorias sobre moralidade ,estética e apolínea-dionisíaca, tiveram presença marcante em toda vida e obra do Jim).
Como disse Ray Manzarek em uma entrevista no ano passado: "Jim foi um gênio que tocou a todos nós. Sua sensibilidade e sua inteligência estavam acima da época, mas nenhum gênio vive para o seu tempo; ele vive para um tempo futuro. O tempo de Jim viria somente 20 anos depois de sua morte".

Talvez para Jim o "ser poeta" era ser o que foi escrito por Rimbaud: "...um poeta torna-se um sonhador através de um longo, ilimitado e sistemático desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sofrimento, de loucura; investiga-se a si próprio, consome dentro de si todos os venenos e preserva as suas quintessências. Um tormento indescritível, onde irá encontrar a maior fé, uma força sobrehumana, com que se torna, de entre todos os homens, o grande inválido, o grande maldito – e o Supremo Cientista! Pois alcança o desconhecido! E que interessa se for destruído no seu vôo extático por coisas inauditas e inomináveis... " Jim experimentou tudo isso, desregrou todos os sentidos, apostou todas as suas "fichas"... Ele sempre estava em busca do Desconhecido, da Liberdade Livre, aliás ele sempre fora muito preucupado com a sua liberdade e isso é escancarado nas suas letras nas músicas dos Doors e nas suas poesias.
Então, como eu sou uma fanatica pelo The Doors e apreciadora convicta de toda obra poética do Jim, deixo aqui muitas poesias dele, pois não é muito fácil encontrar seus livros traduzidos aqui no Brasil, algumas letras dos Doors de sua autoria e algumas frases do meu querido Lizzard King!

"A verdadeira poesia não diz nada, apenas destaca as possibilidades. Abre todas as portas. As pessoas podem atravessar aquela que se lhes ajusta. ... e é por isso que sinto pela poesia este apelo tão forte – porque é eterna. Enquanto houver pessoas, elas podem lembrar-se de palavras ou combinações de palavras. Mas nada pode sobreviver ao holocausto a não ser a poesia e as canções. [...]. Se a minha poesia pretende atingir alguma coisa, é libertar as pessoas dos limites em que se encontram e que sentem".


A Celebração Do Lagarto


LEÕES NA RUA
Leões na rua & deambulando
Cães com o cio, enfurecidos, espumando
Uma besta encurralada no coração da cidade

O corpo da sua mãe
Apodrecendo no chão veronil
Ele abandonou a cidade

Foi para o Sul
E atravessou a fronteira
Deixou o caos & a desordem
Para trás
Por cima do ombro

Uma manhã ele acordou num hotel verde
Com uma estranha criatura gemendo ao seu lado.
Suada lamacenta da sua pele brilhante.

Estão todos?
Estão todos?
Estão todos?
A cerimónia está prestes a começar.

ACORDEM

ACORDEM!
Vocês não se lembram onde foi
Terá este sonho parado?
A serpente era ouro pálido acetinada & encolhida
Tínhamos medo de tocá-la.
Os lençóis eram quentes e mortas prisões.
E ela estava a meu lado, velha,
Ele é, não; jovem.
O seu escuro cabelo ruivo.
A suave pele branca.
Agora, corre para o espelho da casa-de-banho,
Olha!
Ela vem para cá.
Não consigo viver em cada lento século do seu movimento.
Deixo a minha bochecha escorregar
O ladrilho fresco e suave
Sente o bom e frio sangue borbulhante.
Os silvos suaves, serpentes de chuva...

UM PEQUENO JOGO
Antes eu tinha um pequeno jogo
Gostava de rastejar no meu cérebro
Penso que sabes qual o jogo que me refiro
Refiro-me a um jogo chamado Enlouquecer

Agora devias tentar este pequeno jogo
Apenas fecha os olhos e esquece o teu nome
esquece o mundo, esquece as pessoas
E nós ergueremos um campanário diferente.

Este pequeno jogo é divertido de fazer.
Apenas fecha os olhos, impossível perder
E eu estou aqui, eu vou também
Liberta controlo, estamos a atravessar

OS HABITANTES DA COLINA
Bem no fundo do cérebro
Passando bem o limiar da dor
Onde nunca há nenhuma chuva

E a chuva cai suavemente sobre a cidade
E sobre as cabeças de todos nós

E no labirinto de correntes por baixo
Sossegada e celeste presença de
Nervosos habitantes do monte nos suaves montes de volta
Répteis com fartura
Fósseis, cavernas, frescas elevações de ar

Cada casa repete um molde
Janela rolou
Um carro de besta trancado contra a manhã
Todos dormem agora
Cobertores silenciosos, espelhos livres
Pó cega debaixo das camas de casais legítimos
Enrolados em lençóis
E filhas, enevoada com sémen
Olhos nos seus mamilos

Esperem! Ouve um massacre aqui
Não pares para falar ou olhar em volta
As tuas luvas e o leque estão no chão
Vamos sair da cidade
Vamos de fuga
E tu és aquela que eu quero me vir!!

NÃO TOCAR NA TERRA
Não tocar na terra, não ver o sol
Nada mais a fazer a não ser fugir, fugir, fugir
Vamos fugir, vamos fugir

Casa no topo do monte, a lua jaz quieta
Sombras nas árvores testemunhando a brisa selvagens
Anda, querida, foge comigo
Vamos fugir

Foge comigo, foge comigo, foge comigo
Vamos fugir

A mansão é amena no topo do monte
Ricos são os quartos e os confortos lá
Vermelhos são os braços de luxuosas cadeiras
E não vais saber nada até entrares lá dentro

Corpo morto do Presidente no carro do condutor
O motor funciona a cola e alcatrão
Anda connosco, não vamos muito longe
Para Este conhecer o Czar

Foge comigo, foge comigo, foge comigo
Vamos fugir

Alguns foras-de-lei vivem junto ao lago
A filha do ministro está apaixonada pela serpente
Que vive num poço junto à estrada
Acorda, rapariga, Estamos quase em casa

Sol, sol, sol
Queima, queima, queima
Lua, lua, lua
Apanhar-te-ei em breve... em breve... em breve!

Eu sou o Rei Lagarto
Posso fazer qualquer coisa

OS NOMES DOS REINOS
Nós chegamos dos rios e auto-estradas
Nós chegamos de florestas e cascatas
Nós chegamos de Carson e Springfield
Nós chegamos de Phoenix encantada

E posso dizer-te os nomes dos Reinos
Posso dizer-te as coisas que sabes
Ouvindo por um punhado de silêncio
Trepando vales até à sombra

O PALÁCIO DO EXÍLIO
Durante sete anos habitei no livre Palácio do Exílio
Jogando estranhos jogos com as raparigas da ilha
Agora estou de volta à terra dos justos
E dos fortes e dos sábios

Irmãos e irmãs da pálida floresta
Crianças da noite
Quem de entre vós fugirá com a caça?

Agora a noite chega com a sua legião púrpura
Metam-se nas vossas tendas e nos vossos sonhos
Amanhã entramos na cidade do meu nascimento
Quero estar preparado.



"O GÊNERO DE LIBERDADE MAIS IMPORTANTE, É SERES VERDADEIRO / TROCAS A TUA REALIDADE POR UM PERSONAGEM / TROCAS OS TEUS SENTIDOS POR UMA ATUAÇÃO/ DESISTES DA CAPACIDADE E EM TROCA POES UMA MÁSCARA/ NÃO PODE HAVER UMA REVOLUÇÃO EM GRANDE-ESCALA, SE ANTES NÃO HOUVER REVOLUÇÃO INDIVIDUAL DA PESSOA/ PRIMEIRO TEM QUE ACONTECER CÁ DENTRO."


"As pessoas precisam de Fios

Escritores, heróis, estrelas,

dirigentes

Para dar sentido à vida

O barco de areia de uma criança virado

para o sol.

Soldados de plástico na guerra suja

em miniatura. Fortalezas.

Navios de Guerra de Garagem.

Rituais, teatro, danças

Para reafirmar necessidades Tribais & memórias

um chamamento para o culto, unindo

acima de tudo, um estado anterior,

um desejo da família & a

magia certa da infância."



"No primeiro brilho do Éden nós corremos para o mar, ficando por lá, na praia da liberdade

Esperando pelo sol.

Você não percebe que agora que a primavera chegou,

é hora de viver ao sol difuso?

Esperando pelo sol

sperando que você venha até aqui

Esperando que você me diga o que deu errado

Essa é a vida mais estranha que eu já conheci"

(Waiting for The Sun)


"Sabem do febril progresso sob as estrelas?

Sabem que nós existimos?

Esqueceram porventura as chaves do Reino?

Já foram dados à luz e estão vivos?

Vamos reinventar os deuses e os mitos das idades;

Celebrar símbolos do mais fundo das antigas florestas (Esqueceram as lições da guerra pretérita)

[...]

Sabem que temos sido levados

à matança por almirantes plácidos

e que lentos generais gordos se tornam

obscenos com o sangue jovem"

(Fragmento de Uma Oração Americana)



Desperte
(Fragmentos de "Poemas das Leituras do Village" Desperte)
Sacuda sonhos de teu cabelo minha bela criança, minha doçura
escolha o dia & o signo de teu dia, a primeira coisa que vês.
Uma árvore queimada, como uma gigantesca
árvore primordial, uma folha, seca & amarga, crepitando histórias em suas cálidas ondas.
Os deuses da calçada serão o suficiente para ti.
A floresta da vizinhança,
O vazio museu perdido & a meseta & o prenhe monumento do Monte por cima da banca de revistas onde as crianças se escondem
Quando terminam as aulas.