terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Compartilhando sentimentos com... HAMLET

"O mundo está fora dos eixos. Oh! Maldita sorte! Por que nasci para colocá-lo em ordem?"

"Ser ou não ser- eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angústias-
E, combatendo-o, ou dar-lhe fim? Morrer; dormir;
Só isso. E com o sono- dizem- extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer- dormir-
Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obriga a hesitar: e é essa a reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo,
A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso,
As pontadas do amor humilhado, as deslongas da lei,
A prepotência do mando, e o achincalhe
Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo ele próprio, encontrar seu repouso
Com um simples punhal? Quem aguentaria fardos,
Gemendo e suando numa vida servil,
Senão porque o terror de alguma coisa após a morte-
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante- nos confunde a vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já temos,
A fugir pra outros que desconhecemos?
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim o matiz natural da decisão
Se transforma no doentio pálido do pensamento.
E empreitadas de vigor e coragem,
Refletidas demais, saem de seu caminho,
Perdem o nome de ação."


(Hamlet- Willian Shakespeare, 1603 Ato III; Cena I)


Um pouco da obra: A história tem origem nas lendas escandinavas. Hamlet, um jovem príncipe dinamarquês, fica perturbado com a morte do rei, seu pai, e com o segundo casamento da rainha,sua mãe Gertrudes, com seu tio Claudio. Hamlet tem conhecimento, através do fantasma de seu pai, que fora assassinado pelo seu tio Claúdio, ficando assim com a rainha e com o reino. O fantasma clama por vingança. Então, Hamlet fingi-se de louco por boa parte do tempo. Seu plano de vingança para desmascarar o tio começa com um grupo de teatro encenando a morte de seu pai diante do rei Claúdio e de sua mãe, dispertando assim, a ira de seu tio/padrasto. Daí então acontecem muitas confusões, destancando -se em muitas mortes ( Polônio- pai de Ofélia, morto acidentalmente por Hamlet; Ofélia, grande amor de Hamlet- que logo após a morte do pai e o desprezo "mentiroso" de Hamlet,enlouquece e se suicida; Gertrudes, mãe de Hamlet/rainha- toma um vinho envenenado destinado ao filho, etc). Leiam essa maravilhosa obra e descubram o que aconteceu com esse extraordinário personagem do teatro.

Ah... e essa maravilhosa figura aí acima, é uma pintura de Delacroix, que tem o seguinte título: Hamlet e Horácio no cemitério, e também é a capa do livro da L&PM.

HAMLET- WILLIAN SHAKESPEARE. Tradução de Millôr Fernandes / Porto Alegre: Coleçao L&PM, 1997. 140 pgs.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Mais Morrison!!!




"GASTA-SE MAIS EM TABACO E ÁLCOOL DO QUE EM SAÚDE E EDUCAÇÃO, ESSA É A AMÉRICA"...




JIM MORRISON - OS MISTÉRIOS DO SER
Jim deixou-nos algumas canções e outros poemas. Viajou por terras onde nunca alguém havia penetrado e daí extraiu, por magia ou eloquência, o hedonismo da conquista. Violou o que de mais precioso nos pertence – O nosso lado mais secreto com as divindades. Por tal, não merece a redenção. Mas será que alguma vez a procurou? Esta noite não pretende ser uma homenagem a Jim Morrison. Nem tão pouco uma noite de evocação ou prantos. Uma reunião? Talvez… Um reencontro de energias onde o Xamã Álvaro Costa convoca Rui Pedro Silva e exorta os mitos e as lendas de um poeta – Era só isso que Jim queria. Ser um poeta como Kerouac ou Rimbaud. Nada mais… Indiferentes a sua mais ínfima vontade, fizemos de James Douglas Morrison a maior Rock Star de todos os tempos.No final da transmissão, conversa e uma revisita á música dos Doors, com o Dj Lizard Mojo… Noite dentro… Nas penetráveis portas da Casa das Artes.
Texto escrito por ocasião de uma homenagem a JIM MORRISON na Casa das Artes, PORTUGAL.
A CASA DAS ARTES é uma das melhores Casa de Cultura de Portugal e da Europa.




Coloco aqui mais poesias desse ser maravilhoso que, com suas poesias e letras de músicas conseguiu incomodar os farsantes do poder (tanto que rola uma "lenda" que Jim fora assassinado pelo FBI). Este poema "An American Prayer" é um dos meu favoritos:



Um Orador Americano




Conheces o quente progresso de baixo das estrelas?
Sabes que existimos?
Terás esquecido as chaves
do Reino?
Terás nascido ja
& será que estás vivo?
Reinventemos os deuses, todos os mitos
das eras
Celebremos os símbolos das anciãs florestas profundas
(Terás esquecido as liçõesda guerra antiga)
Precisamos de grandes cópulas douradas
Os pais cacarejam nas árvores
da floresta
A nossa mãe está morta no mar
Sabes que estamos a ser conduzidos ao matadouro
por plácidos almirantes
& que lentos generais gordos
se tornam obscenos com o sangue jovem
Sabes que somos governados pela TV
A lua é uma besta de sangue seco.
Bandos de guerrilheiros contam efectivos
no próximo canteiro de verdes vinhas
preparando-se para a guerra
contra inocentes pastores que
se limitam a morrer
Ó grande criador do Ser
Concede-nos uma hora mais
para exibirmos a nossa arte
& aperfeiçoarmos as nossas vidas
As traças & e os ateus são duplamente divinos
& mortais Vivemos, morremos
& a morte não é o fim
Viajemos ainda mais para dentro do
Pesadelo
Agarra-te à vida a nossa flor apaixonada
Agarra-te ás conas & caralhos do desespero
Obtemos a nossa última visão com o esquentamento
A virilha de Colombo
encheu-se de morte verde
( Toquei a coxa dela& a morte sorriu)
Reunimo-nos no interior deste antigo
& insano teatro
Para propagarmos o nosso desejo pela vida
& escaparmos à enxameante sabedoriadas ruas
Os celeiros foram arrasados
As janelas conservadas
& apenas um de todo o resto
Dança & nos salva
Com o divino arremedo
das palavras
A música inflama o temperamento
( Quando os verdadeiros assassinos do
Reitêm licença para vaguear livremente
1000 Magos erguem-sena terra)

Onde estão as festas que nos prometeram
Onde está o vinho
O Vinho Novo
( morrendo na vinha )
gozação permanente
dá-nos uma hora para a magia
Nós os da luva púrpura
Nós os do voo do estorninho
& da hora de veludo
Nós os gerados por prazeres arábicos
Nós os da cúpula do sol & da noite
Dá-nos um credopara acreditarmos
Uma noite de Luxúria
Dá-nos confiança
Na Noite
Dá de corcem matizes
Uma rica Mandala
para mim & para ti
& para a tua sedosa
e almofadada casa
uma cabeça, sabedoria
& uma cama
Confuso decreto
A gozação permanentete reivindicou
Customávamos acreditar
nos bons velhos tempos
Que ainda recebemos
sem modo escasso
As Coisas Amáveis
& o sobrolho carregado
Esquecem & consentem
Sabias que a liberdade existe
num livro escolar
Sabias que os loucos são
quem dirige a nossa prisão
dentro de uma jaula, dentro de uma gaiola
dentro de um branco, livre e protestante
Estado de confusão violenta
Empoleirámo-nos, temerários
à beira do aborrecimento
Estendemo-nos para a morte
na ponta de uma vela
Esforçamo-nos por algo
que já nos encontrou
Podemos inventar os nosso próprios reinos
grandes tronos purpúreos, aquelas cadeiras de luxo
& amar nós devemos, em camas de ferrugem
Portões de ferro fecham os gritos do prisioneiro
& a musiqueta, Onda Média, embala os seus sonhos
Sem o orgulho dos negros para alçar os sorrisos
enquanto os anjos trocistas coam as aparências
Ser a colagem do pó de revista
Esboçada na testa dos muros da confiança
Isto é só prisão para aqueles que devem
levantar-se de manhã & lutar por tais
padrões inutilizáveis
enquanto raparigas chorosas
exibem penúria & caretas
delirantes a uma turba
louca

Uau, estou farto de dúvidas
Vivo à luz de um certo
Sul
Laços cruéis
Os servos têm o poder
homens-cão & e as suas mulheres mesquinhas
esticam pobres cobertores sobre
os nossos marinheiros
(& onde estavas tu na nossa
hora difícil)
A mungir o teu bigode?
ou moendo uma flor?
Estou farto de rostos severos
Fixando-me da torreda TV.
Quero rosas no
meu caramanchão, entendes?
Bebés reais, rubis
devem agora substituir estranhos
abortados na lama
Estes mutantes, alimento sanguíneo
para a planta cultivada
Estão à espera de nos levar ao
jardim separado
Sabes o quão pálida & sensacionalmente travessa
chega a morte, numa hora estranha
não anunciada, não planeada
como um aterrador convidado amigável que tutrouxeste para a cama

A Morte faz anjos de todos nós
& dá-nos asas
onde tínhamos os ombros
suaves como as garras
de um corvo
Basta de dinheiro, basta de vestidos bonitos
Este outro reino parece de longe o melhor
até a sua outra mandíbula revelar incesto
& perder obediência a uma lei vegetal
Não irei
Prefiro uma festa de Amigos
à Família Gigante

(II)

Grande Cristo gritante
Olaré
Maria Preguiçosa quererás levantar-te
numa manhã de domingo
"O filme irá começar em 5 momentos"
Anunciou aquela voz sem sentido
"Todos os que estiverem de pé, esperarão
pelo próximo espectáculo"
Desfilámos lentamente, languidamente
até ao átrio. O auditório
era vasto & silencioso
Enquanto nos sentávamos & fomos obscurecidos
A Voz continuou:"O programa para esta noite não é novo.
Já viram
este entretenimento uma & outra vez
Viram o vosso nascimento, a vossa
vida & morte; podem recordar-sede tudo o resto -
(tiveste
um bom mundo quando
morreste?) - suficiente
para basear um filme?"
Uma risada metálica bateu-nos
no espírito como um punho
Vou-me embora daqui
Onde é que vais?Ao outro lado da manhã
Por favor, não afugentes as nuvens
os pagodes, os templos
A cona dela agarrou-o
como uma mão quente
e amigável
"Está tudo bem.
Todos os teus amigos estão aqui."
Quando posso ir ter com eles?
"Depois de comeres"
Não tenho fome
"Oh, queríamos dizer bateres"
Corrente de prata, grito prateado
concentração impossível
Aí vêm os comediantes
vejam como eles sorriem
Vejam-nos dançar
uma milha índia
Vejam como gesticulam
Um tal aprumo
Dá gestos a toda a gente
Palavras fragmentam
Palavras sejam rápidas
Palavras parecem bengalas
Planta-as
E elas crescerão
Vê como vacilam então
Serei sempre
um homem de palavra
Mais que um homem-pássaro
Mas ponho na conta
Não se vá embora
sem depositar um dólar
Tenho de dizer outra vez
em voz alta, percebeste a ideia
Não há comida sem o aumento de combustível
Ora esta, o espalhafato irlandês
soltou-me o bico
no pico dos poderes
Ó rapariga, solta
o teu pente atormentado
Ó mente preocupada
Peca nos sertões
perdidos através do esconderijo
Ela cheira a dívida
no meu novo colarinho
Prosa arrogante
Amarrada num rede de veloz perseguição
Por isso a obsessão
É fácil admitir
um ritmo rápido e emprestado
A Mulher meteu-se entre eles
Mulheres de todo o mundo uni-vos
Tornem o mundo seguro
Para uma vida escandalosa

Hee Heee
Corta a goela
A vida é uma anedota
A tua mulher está num fosso
O mesmo barco
Lá vem a cabra
Sangue Sangue Sangue Sangue
Estão a transformar o nosso universo
numa anedota

(III)

Caixa de fósforos
Serás tu mais real que eu
Vou queimar-te, & libertar-te
Chorou lágrimas amargas
Cortesia excessiva
Não esquecerei

(IV)


Uma doentia lava quente assomou,
Sussurrando & borbulhando
O rosto de papel.
Máscara-espelho, amo-te espelho.
Sofrera uma lavagem cerebral durante 4 horas.
O Tenente baralhou de novo"pronto a falar"
"Não senhor" - era tudo o que ele diria.
Regressa ao ginásio
Meditação
muito pacífica
Base aérea no deserto
espreitando para fora através das persianas
um avião
uma flor do deserto
boneco fixe
O resto do Mundo
é imprudente & perigoso
Olha para os
bordéis
Exploração de
Filmes para machões

(V)

Um barco sai do porto
cavalo ruim de um outro matagal
fúrcula do desejo
desacredita a raposa de metal.

Palavras de Índios: A destruição e o desrespeito à Natureza desde muitos anos atrás.

Uma velha Wintu religiosa fala com tristeza da destruição brutal e desnecessária de sua terra pelos brancos:

“O homem branco jamais se preocupou com a terra, nem com o veado, nem com o urso. Quando nós, índios, matamos um animal, comemos ele todo. Quando queremos arrancar uma raiz, fazemos peque­nos buracos no chão. Quando construímos casas, também fazemos pequenos buracos. Quando queimamos a erva contra os gafanhotos, não arruinamos tudo. Recolhemos as bolotas e as pinhas. Não derrubamos árvores. Usamos apenas madeira morta. Mas os brancos reviram a terra, arrancam as árvores, matam tudo. A árvore diz “Não! Eu sou sensível. Não me fira”. Mas eles a derrubam e a cortam em pedaços. O espírito da terra os odeia. Eles destroem as árvores e as puxam pelas entranhas. Eles serram as árvores. Isto as fere. Os índios nunca ferem nada, enquanto os brancos destroem tudo. Explodem rochas e as espalham pelo chão. A pedra diz “Não! Você está me ferindo”. Mas o branco não pres­ta atenção. Quando os índios usam pedras, escolhem as menores e arredondadas que servem para a cozinha. Como é que o espírito da terra pode gostar do homem branco? Onde o branco põe a mão há sofrimento.”


Hehaka Sapa, ou Alce Negro, chefe e místico Sioux Oglala explica-nos a importância e o simbolismo do círculo para o índio...


“Vocês já perceberam que tudo o que um índio faz está dentro de um círculo, isto porque o Poder do Mundo trabalha sempre em círculos e as coisas todas tentam ser redondas. Nos velhos dias, quando ainda éramos um povo forte e feliz, o nosso poder provinha do anel sagrado da nação, e enquanto este anel manteve-se intacto o povo floresceu. A árvore florida era o centro vivo do anel e o círculo dos quatro quadrantes a alimentava. O leste trazia a paz e a luz; o sul, o calor; o oeste, a chuva; e o norte, com seu vento rijo e frio, trazia a força e a paciência. Este conheci­mento foi a religião que nos trouxe do mundo exterior. Tudo o que o Poder do Mundo faz é feito em círculo. O céu e redondo e ouvi dizer que a terra é redonda como a bola, e as estrelas também. O vento, no seu máximo poder, rodopia. Os pássaros constroem ninhos em círculos, pois a religião deles é igual à nossa. O sol vem e vai num círculo, como a lua, e ambos são redondos. Mesmo as estações formam um grande círculo em suas mudanças, voltando sempre ao ponto em que estiveram. A vida de um homem é um círculo de infância a infância, e assim em tudo o que o poder move. Nossas tendas eram redondas como os ninhos dos pássaros e dispostas em círculo, o anel da nação, um ninho de muitos ninhos que o Grande Espírito nos deu para gerar nossos filhos.”


O chefe de um dos principais grupos de índios Pés-Pretos rejeita os valores monetários do homem branco, respondendo aos delegados norte­americanos que lhe pedem para assinar um dos primeiros contratos de venda de terra na região de Milk River, perto da fronteira norte-noroeste de Montana.


“Nossa terra vale mais do que seu dinheiro. Ela irá durar para sempre. Nem mesmo as chamas do fogo poderão destruí-la. Enquanto o sol brilhar e as águas correrem, ela continuará aqui dando vida aos homens e aos animais. Não podemos vender as vidas dos homens e dos animais; portanto, não podemos vender essa terra. Foi o Grande Espírito que a destinou para nós e não podemos vendê-la porque não nos pertence. Vocês podem contar seu dinheiro - e guardá-lo no chifre de um búfalo, mas só o grande Espírito pode contar os grãos de areia e as folhas de grama desta planície. Nós daremos de presente o que quiserem. Mas a ter­ra, jamais. A orgulhosa tribo dos Nez Percé (Nariz Furado) era chefiada por um homem notável chamado Hin-mah-too yah-lat-kekht, ou Trovão-­das-Alturas-Sublimes-da-Montanha, ou apenas Chefe Joseph, referido anteriormente numa passagem em que descreve a morte do pai. Seu amor pela terra natal era inesgotável, e Chefe Joseph perseverava no esforço de permanecer nos vales e montanhas em que havia nascido. Neste trecho ele deixa claro (como costumava fazer) seus sentimentos com relação à propriedade da terra. A terra foi criada com o auxílio do sol e deveria ser deixada como está... O campo foi feito sem linhas de demarcação e não compete ao homem demarcá-lo... Vejo os brancos por toda a parte buscando riquezas, e vejo que querem nos dar terras sem valor... A terra e eu somos uma coisa só. A medida da terra e a medida de nossos corpos é á mesma. Digam-­nos, se puderem, que o Poder Criador os enviou para falar conosco. Vocês talvez pensem que foram enviados para fazer de nós o que bem entenderem. Se eu achasse que foi o Criador quem os mandou, consenti­ria que vocês têm direitos sobre mim. Não interpretem mal meu senti­mento de amor à terra. Eu nunca disse que a terra era minha para fazer com ela o que eu quisesse. O único com direito a dispor da terra e aquele que a criou. O que exijo é o direito de viver em minha terra e lhes concedo o privilégio de viverem na de vocês.”

Smohalla, fundador da religião do sonhador, nasceu entre 1815 e 1820 e pertencia aos Sokulk, pequena tribo dos Nez Percé que vivia em Priest Rapids, margem oriental do rio Columbia, no Estado de Washington Smohalla destacou-se como guerreiro, começando a seguir a pregar a “religião do sonhador”. O Chefe Joseph dos Nez Percé, adepto da sua “religião do sonhador” propunha e preconizava um retorno às concepções nativas, particularmente as da Terra-Mãe benigna, os sonhos sendo a única fonte de poder sobrenatural. O texto a seguir mostra alguns aspectos da doutrina, que atraiu muitos adeptos, entre os jovens:

“Meus jovens não devem trabalhar. Os homens que trabalham não podem sonhar, e a sabedoria nos vem através dos sonhos. Vocês me pedem para lavrar a terra. Devo então pegar uma faca e enterrá-la no peito de minha mãe? Assim, quando eu morrer, não poderei entrar em seu seio para descansar. Vocês me pedem para cavar à procura de pedras. Devo então rasgar-lhe a pele para arrancar seus ossos? Assim, quando eu morrer, não poderei entrar em seu corpo para nascer de novo. Vocês me pedem para cortar o capim, fazer o feno, vendê-lo e ficar rico como o homem branco. Mas como posso cortar os cabelos de minha mãe?”


A Carta do Cacique Seattle, em 1855

Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz já 147 anos. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:


"O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo. Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra. Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência. Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."
Obra recomendada: "Enterrem meu coração na curva do rio"-Autor: Dee Brown

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A gente não parte. Retoma o caminho!

Como dizia meu camarada Rimbaud “a gente não parte, retoma o caminho”.
Porém nessas retomadas o que fica é saudade...
Prazer, meu nome é saudade!
Deixei amigos, amores (um grande amor), afetos, meu time de volêi
Sem olhar pra trás.
Seria isso frieza? Talvez desapego?
Não, nada disso
Muitas vezes temos que seguir em frente
Apostar todas as fichas no “tudo ou nada”.
Efeitos colaterais? Muitos...
A cada partida deixo um pedaço do meu coração
Pessoas especiais partiram para sempre
Retornaram para os braços da Deusa
E nem pude me despedir e ao menos dizer que as amava
Não há arrependimento nisso, mas fica cá a saudade.
Prazer, meu nome é saudade!
Lembranças...
Fizeram da minha alma morada permanente
Tristeza... Um tantinho só
Alegria... Muita. Alegria em saber que durante minha jornada
Conheci e amei seres extraordinários, cada um ao seu modo.
Mas com a licença do mestre Rimbaud
Repito: “a gente não parte, retoma o caminho”
E digo mais: “estou loucamente determinada a viver a Liberdade Livre”.
O que passou, passou e o que interessa agora é o presente
E o que vem pela frente!

...aos meus amigos queridos que viveram intensamente e se foram (Eduardinho, meu primão Claudinho, Douglas, Neto, Ewerton "frutinha" e meu paizão Ronan). E aos amigos que mesmo loooonge demais da conta, graças a Deusa ainda estão presentes: Erikinha (minha fadinha!), Ana Claúdia, Edu, toda a galera do time de Hand e Volêi de muuuitos anos atrás, todo o povão aí de P.P. e tantos outros...

Digo-lhes que, com vocês, passei os melhores momentos de toda a minha vida até agora! A saudade se faz presente porém, o que fica forte é a alegria de ter compartilhado com vocês momentos memoráveis, extraordinários. Amei e amo vocês intensamente...

Mito da Roda do Ano

Fim de semana e eu cá em casa...(momento desabafo, "beeeer"). Mas é melhor assim, pois amanhã irei celebrar Lammas e tenho que estar com muita disposição pro ritual... Celebrem também, divirtam-se! Mas com muita responsabilidade, portanto:

!!!!!!

E a Roda vai girando...



Mito da Roda do Ano.


...Em Samhain, o Festival do retorno da Morte, os portões dos mundos se abrem e a Deusa transforma-se na Velha Sábia, a Senhora do Caldeirão, e o Deus e o Rei da Morte que guia as Almas perdidas através dos dias escuros de inverno.


..Em Yule, a escuridão reina como se estivéssemos no caldeirão da Deusa. Assim, o Rei
das Sombras trasforma-se na Criança da Promessa, o Filho do Sol, que devera nascer
para restaurar a Natureza.


..Em Imbolc, a luz cresce, o Deus renascido em Yule se manifesta com todo o seu vigor, e a Criança da Promessa cresce com vitalidade e é festejada, pois os dias tornam-se visivelmente mais longos e renova-se a esperança.


..Em Ostara, Luz e Sombras são equilibradas. A Luz da vida se eleva e o Deus quebra as correntes do Inverno. A Deusa e a virgem e o Deus renascido e jovem e vigoroso. O amor sagrado da Deusa e do Deus e a promessa do crescimento e da fertilidade.


..Em Beltane, a Deusa se transforma em um lindo Cervo Branco e o jovem Deus e o Caçador Alado. Ao ser perseguida pela floresta, o Cervo Branco se transforma em uma linda mulher, e assim Eles se unem e a sua paixão sustenta o mundo.


..Chega então Litha. A Deusa e a Rainha do Verão e o Deus, um homem de extrema força e vitalidade. O Sol começa a minguar e o Deus começa a seguir rumo ao Pais de Verão. A Deusa e pura satisfação e demonstra isso através das folhas verdes e das lindas flores do verão.


..Em Lammas, a Deusa da a luz e o Deus novamente morre pela Deusa. A Deusa precisa de sua energia de vida para que a vida possa crescer e prosseguir. O Deus se sacrifica para que a humanidade seja nutrida, mas através do grão Ele renasce. No ápice de sua abundancia, Ele retorna através Dela.


..Em Mabon, as Luzes e as Trevas se equilibram novamente; porem o Sol começa a minguar mais rapidamente. O Deus torna-se então o Ancião, o Senhor das Sombras.
..Chega novamente Samhain e então o ciclo recomeça, e assim tudo retorna a Deusa.
..Assim sempre foi e assim sempre será !