domingo, 29 de março de 2009

Willian Blake: Abrindo as portas da percepção!!!

Extraordinário Blake... Pintor (ilustrou a "Divina Comédia" de Dante Alighieri), pensador, poeta muito à frente de seu tempo. Ele foi um verdadeiro revolucionário de sua época, pois, por meio de seus textos, encorajava as pessoas a se desligarem das imposições religiosas e políticas à procura de seus valores e ideais próprios. Era considerado louco pelas pessoas de sua época mas hoje, é considerado um dos grandes artistas do seu tempo. Graças aos Deuses sua obra é eterna e tive o prazer de encontrá-la ( ou ela me encontrou!). Talvez, a mais famosa seja: O matrimônio do Céu e do Inferno (1793), que retrata toda a sua filosofia cheia de sensibilidade e inteligência .Ah, uma curiosidade: As suas pinturas (ou melhor, gravuras) foi uma inspiração pro álbum The Chemical Wedding de Bruce Dickinson!!! The Chemical Wedding é, basicamente, um disco conceitual sobre a vida e obra de William Blake.

Na terceira parte do filme Hannibal Lecter, o psicopata tatua uma figura em seu corpo, que posteriormente é roubada de um museu e engolida por ele. Essa figura nada mais é do que uma das telas pintadas por Willian Blake!

Compartilho aqui 2 passagens dessa magnífica obra em prosa:

Provérbios do Inferno:


"A cabeça Sublime, o coração Emoção, as genitálias Beleza, as mãos e pés Proporção. Como o ar para um passaro ou o mar para um peixe, assim é o desprezo para um desprezível. O corvo deseja que tudo fosse preto, a coruja, que tudo fosse branco. Exuberância é Beleza. Se o leão fosse aconselhado pela raposa, ele seria esperto.O aperfeiçoamento faz estradas retas, mas as estradas tortas sem Aperfeiçoamento são estradas de Gênio. Antes assassinar uma criança em seu berço que acalentar desejos não realizados. Onde o homem não está, a natureza é estéril. A verdade nunca pode ser contada de forma a ser compreendida, e não acreditada. É o bastante! Ou é Demais! "


“A antiga tradição de que o mundo seria consumido em fogo no fim de seis mil anos é verdadeira, como ouvi no Inferno. Pois o querubim com sua espada flamejante será por isso man­dado a deixar seu posto na árvore da vida, e quando ele o fizer, toda a criação será consumida e se mostrará infinita e sagrada, assim como se mostra agora finita e corrupta. Isso ocorrerá por uma aperfeiçoamento do gozo sensual. Mas, antes, a noção de que o homem tem um corpo distinto da alma tem de ser eliminada; isto devo fazer, imprimindo o método infernal, com corrosivos, que no Inferno são salutares e medicinais, derretendo superfícies aparentes e mostrando o infinito que estava escondido. Se as portas da percepção fossem abertas, tudo apareceria ao homem tal qual é, infinito. Pois o homem fechou a si mesmo, vendo as coisas através de estreitas fissuras de sua caverna."

Links interessantes:

quarta-feira, 25 de março de 2009

...recebi dos Olhos Verdes mais lindos do mundo!

"Tatuei meu coração com a letra de seu nome...
Meu corpo com um dragão.
Deixei que beijasse as formas
E, também o dragão.
Colocada entre meu Peito...
Voava entre seus beijos.
Meu corpo ficou marcado
Pelas delícias de seus beijos
Suas mãos tatuaram meu ser
De amor e paixão."


Ah, Olhos Verdes... primeiro foi flores e agora isso!!! Assim eu fico mais apaixonada por você Luis Olhos Verdes Mais Lindos do Mundo!!!

De volta (depois de um tempo sem PC) com Willian Blake

"Nunca se sabe o que é suficiente até que se saiba o que é mais que suficiente".
"É suficiente! ou basta"

O casamento do céu e do inferno.
Willian Blake


Continua...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Continuando... Viajando com Baudelaire

Bem, depois de me embriagar está na hora de viajar! Esse poema de Baudelaire nos propõe uma fuga para um lugar onde "tudo é paz e rigor, luxo, beleza e langor". Uma proposta de um sonho e fuga.

O CONVITE À VIAGEM
( As Flores do Mal)

Minha doce irmã,
Pensa na manhã
Em que iremos, numa viagem,
Amar a valer,
Amar e morrer
No país que é a tua imagem!
Os sóis orvalhados
Desses céus nublados
Para mim guardam o encanto
Misterioso e cruel
Desse olhar infiel
Brilhando através do pranto.

Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.

Os móveis polidos,
Pelos tempos idos,
Decorariam o ambiente;
As mais raras flores
Misturando odores
A um âmbar fluido e envolvente,

Tetos inauditos,
Cristais infinitos,
Toda uma pompa oriental,
Tudo aí à alma
Falaria em calma
Seu doce idioma natal.

Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.

Vê sobre os canais
Dormir junto aos cais
Barcos de humor vagabundo;
É para atender
Teu menor prazer
Que eles vêm do fim do mundo.
— Os sangüíneos poentes
Banham as vertentes,
Os canis, toda a cidade,
E em seu ouro os tece;
O mundo adormece
Na tépida luz que o invade.

Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.


Fonte: http://www.algumapoesia.com.br

quarta-feira, 4 de março de 2009

Me embriagando com...BAUDELAIRE

Embriaguem-se

É preciso estar sempre embriagado. Aí está: Eis a única questão
Para não sentirem o fardo horrível do Tempo
que verga e inclina para a terra,
é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude,
a escolher.
Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio,
sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto,
a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar,
pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são;
E o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se!
Para não serem os escravos martirizados do Tempo,
embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso".
Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

(Charles Baudelaire-Pequenos Poemas em prosa.)



A que está sempre alegre

Teu ar, teu gesto, tua fonte
São belos qual bela paisagem;
O riso brinca em tua imagem
Qual vento fresco no horizonte.

A mágoa que te roça os passos
Sucumbe à tua mocidade
À tua flama, à claridade
Dos teus ombros e dos teus braços.

As fulgurantes, vivas cores
De tua vestes indeiscretas
Lançam no espírito dos poetas
A imagem de um balé de flores.

Tais vestes loucas são o emblema
De teu espírito travesso;
Ó louca por quem enlouqueço,
Te odeio e te amo, eis meu dilema!

Certa vez, num belo jardim,
Ao arrastar minha atonia,
Senti, como cruél ironia
O Sol erguer-se contra mim;

E humilhado pela beleza
Da primavera ébria de cor,
Ali castiguei numa flor
A insolência da Natureza.

Assim eu quisera uma noite,
Quando a hora da volúpia soa,
Às frondes de tua pessoa
Subir, tendo à mão um açoite,

Punir-te a carne embevecida,
Magoar o teu peito perdoado
E abrir em teu flanco assustado
Uma larga e funda ferida,

E, como êxtase supremo,
Por entre esses lábios frementes,
Mais deslumbrantes, mais ridentes,
Infundir-te, irmã, meu veneno!

(Charles Baudelaire -As Flores do Mal)


As minhas viagens e momentos ébrios com esse fantástico e um dos "poetas malditos" Baudelaire, continuará em um outro post com a maravilhosa obra: "O poema do Haxixe e do Vinho" e "As Flores do Mal"...

É só aguardar e se embriagar com poesia, vinho,virtude ou porque não, com os três juntos???

domingo, 1 de março de 2009

Um certo moço de olhos-verdes...

Aos momentos de ontem passados com um certo "olhos verdes"...

Volúpia- Florbela Espanca

No divino impudor da mocidade
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frêmito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade...
A nuvem que arrastou o vento norte...
-Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...